Thursday, October 1, 2009

O tempo penetra o corpo / O corpo penetra o tempo

O treinamento técnico foi sempre muito presente em minha vida,fiz ballet clássico desde os 3 anos de idade e ao decorrer dos anos passei também pelo jazz dance, dança moderna e até a tal dança contemporânea que hoje me envolve e me motiva à criação. Movimento por movimento? Confesso que gostava de fazer o que fazia, porém existiu sempre uma inquietação de querer e poder mais e eu não entendia porque, apesar de saber que para mim aquilo não era apenas movimento por movimento.
Quando entrei na universidade havia acabado de completar 18 anos, um universo de possibilidades surgiu na minha vida e no meu fazer arte, uma vontade de querer fazer tudo e ao mesmo tempo nada, porque eu não sabia como. Nada do que eu costumava fazer me interessava mais, eu não queria mais estar condicionada àquela ou aquela outra técnica. Não podia anular os códigos presentes consciente e inconscientemente no meu corpo, nem negar que estava sim condicionada “à luz de princípios criadores”. Então por que não utilizá-los e conectá-los a novas possibilidades?!
Deixei-me contaminar por novas linguagens, me apaixonei pela arte do palhaço, pelas ruas, pela criação através de novas lentes e por tudo mais que de alguma forma despertasse um desejo de querer conhecer, saber mais. Percebo que a conexão das distintas ignições que alimentam minhas inspirações artísticas possibilita o intercâmbio de símbolos e significados, tornando meu estudo muito mais prazeroso e flexível.
Venho praticando desde então, com muito mais seriedade o exercício do olhar, observar e perceber o corpo diante seus diversos contextos, comportamentos e ajustes. O corpo mutável em constante transformação, sujeito a padrões, disciplinas e adestramentos. O corpo “Utilizável, transformado, e aperfeiçoado” (Focault).

1 comment:

  1. Ei Mab, a observação é a mãe de todas as artes...continue assim

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