De: Lucas
Para: Mab
Tênue Fronteira
"O erótico posto em cheque, pela escuridão do desconhecido, pelo falecimento da certeza, pela condição de se por em teste. A pele em faixas aguça os sentidos, incomoda pela dissidência, excita pela contemplação. A curva das sombras, por uma beleza rara, se pré-dispõe e atiça em vermelho tamanho desejo. Um gentil caminhar que flutua, voa pelo arranjo de algo indeterminado, mas reconhecido nas afeições de qualquer um. A carne posta a prova remói a ética, questiona a libido, intui a essência, propõe uma interrogação: qual é o limite das nossas fronteiras? A peculiaridade que comanda o subconsciente dos seres pensantes é colocada em jogo. Num balé de extremismos a graça sede lugar para a dissolução, que reconhece-se pelo status-quo em lógica invertida e ressalta um questionamento que o limite impõe, a cada um sua medida. Precisão de uma lucides enjaulada, de uma permissão para a dor, de uma substituição da ordem que nos amarra em cada olhar, em cada impossibilidade de movimento, que invalida o âmago da indiferença por enquadramento. Sensibilidade vem a tona, arde em cada qual como se nos sucede ao acordar pelas manhãs, mas nem sempre estamos conscientes de nossas amarras. Nos deparamos com o couro em forma de beijo que pode simular a pureza do silenciado, de um cúmplice dos nossos medos. Transformado em desejo o sangue ferve, ardendo pela frescura da dor, com o poder de se perder o controle na embriaguez do instante. Insensatez do discurso calado, figuração de insurgência camuflada à flor da pele. Reconhecer-se a si próprio pela condição do outro, por caminhos obscuros que não se sabe nem chegar nem sair. Presas que te agarram a pele trazem à consciência as marcas que a vida nos insere, nos convida a senti-la em berço esplêndido. Não se trata de sofrimento induzido, masoquismo voluntário, mas da explicitação dos cotidianos reverberados pelos seres e, em plena luz da noite, assistido no corpo do outro."
Lucas Paes de Melo
http://homemmaquina.wordpress.com/
Para: Mab
Tênue Fronteira
"O erótico posto em cheque, pela escuridão do desconhecido, pelo falecimento da certeza, pela condição de se por em teste. A pele em faixas aguça os sentidos, incomoda pela dissidência, excita pela contemplação. A curva das sombras, por uma beleza rara, se pré-dispõe e atiça em vermelho tamanho desejo. Um gentil caminhar que flutua, voa pelo arranjo de algo indeterminado, mas reconhecido nas afeições de qualquer um. A carne posta a prova remói a ética, questiona a libido, intui a essência, propõe uma interrogação: qual é o limite das nossas fronteiras? A peculiaridade que comanda o subconsciente dos seres pensantes é colocada em jogo. Num balé de extremismos a graça sede lugar para a dissolução, que reconhece-se pelo status-quo em lógica invertida e ressalta um questionamento que o limite impõe, a cada um sua medida. Precisão de uma lucides enjaulada, de uma permissão para a dor, de uma substituição da ordem que nos amarra em cada olhar, em cada impossibilidade de movimento, que invalida o âmago da indiferença por enquadramento. Sensibilidade vem a tona, arde em cada qual como se nos sucede ao acordar pelas manhãs, mas nem sempre estamos conscientes de nossas amarras. Nos deparamos com o couro em forma de beijo que pode simular a pureza do silenciado, de um cúmplice dos nossos medos. Transformado em desejo o sangue ferve, ardendo pela frescura da dor, com o poder de se perder o controle na embriaguez do instante. Insensatez do discurso calado, figuração de insurgência camuflada à flor da pele. Reconhecer-se a si próprio pela condição do outro, por caminhos obscuros que não se sabe nem chegar nem sair. Presas que te agarram a pele trazem à consciência as marcas que a vida nos insere, nos convida a senti-la em berço esplêndido. Não se trata de sofrimento induzido, masoquismo voluntário, mas da explicitação dos cotidianos reverberados pelos seres e, em plena luz da noite, assistido no corpo do outro."
Lucas Paes de Melo
http://homemmaquina.wordpress.com/
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