O tempo penetra o corpo / O corpo penetra o tempo

O treinamento técnico foi sempre muito presente em minha vida,fiz ballet clássico desde os 3 anos de idade e ao decorrer dos anos passei também pelo jazz dance, dança moderna e até a tal dança contemporânea que hoje me envolve e me motiva à criação. Movimento por movimento? Confesso que gostava de fazer o que fazia, porém existiu sempre uma inquietação de querer e poder mais e eu não entendia porque, apesar de saber que para mim aquilo não era apenas movimento por movimento.
Quando entrei na universidade havia acabado de completar 18 anos, um universo de possibilidades surgiu na minha vida e no meu fazer arte, uma vontade de querer fazer tudo e ao mesmo tempo nada, porque eu não sabia como. Nada do que eu costumava fazer me interessava mais, eu não queria mais estar condicionada àquela ou aquela outra técnica. Não podia anular os códigos presentes consciente e inconscientemente no meu corpo, nem negar que estava sim condicionada “à luz de princípios criadores”. Então por que não utilizá-los e conectá-los a novas possibilidades?!
Deixei-me contaminar por novas linguagens, me apaixonei pela arte do palhaço, pelas ruas, pela criação através de novas lentes e por tudo mais que de alguma forma despertasse um desejo de querer conhecer, saber mais. Percebo que a conexão das distintas ignições que alimentam minhas inspirações artísticas possibilita o intercâmbio de símbolos e significados, tornando meu estudo muito mais prazeroso e flexível.
Venho praticando desde então, com muito mais seriedade o exercício do olhar, observar e perceber o corpo diante seus diversos contextos, comportamentos e ajustes. O corpo mutável em constante transformação, sujeito a padrões, disciplinas e adestramentos. O corpo “Utilizável, transformado, e aperfeiçoado” (Focault).

Sou o que lhe convém

O que me consome?

Solidão necessária do corpo e da alma

O que me consome

Com ajuda das segundas lentes.

O olhar.

Vigiar.

Será.

Consumo.

De olhar.

Constante.

Segundas Lente.

por:Mab Cardoso

Maria Augusta Bárbara

Maria Augusta Bárbara no painel performático da escola de dança da UFBA.

foto: Aldren Lincoln

Corpo que se manipula, se modela, se treina, que obedece, responde e se torna útil.

*

Corpos Dóceis - Michel Foucault

"É dócil um corpo que pode ser submetido, que pode se utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado"

Docilidade e Utilidade = Disciplina

Disciplina é diferente de Escravidão

->Quadriculamento : Solidão necessária do corpo e da alma.

->Vigilância: conhecer, dominar, utilizar

Os olhares que devem ver sem ser vistos.

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  -Deitar
  -Pegar a bolinha
  -Estimulos
  -A farejar algo
  -A comportar-se ao seu lado
  -Técnicas de obediência
  -O que você não deve fazer
  -Como tratá-lo bem
  -Alguns truques básicos
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A primeira cuspida em cena...

Na próxima quarta-feira ( 17/06) acontecerá a primeira mostra da nova versão Maria Augusta Bárbara, como sempre mutante. Confesso que estou um tanto ansiosa e ja pensei em desisti de apresentar algumas vezes durante a semana, mas sei que esse primeiro passo será importantíssimo para o amadurecimento do trabalho. Afinal, de que adianta ser artista sozinho?



XII Painel Performático da Escola de Dança da UFBA
onde: Escola de Dança da UFBA (campus ondina)
horario: a partir das 18:03

Segundas Lentes

Imagens do video dança "Maria Augusta Bárbara".

Foi no primeiro semestre do ano passado (2008) que descobri minha paixão por novas percepções através do que resolvi chamar de segundas lentes. Devo agradecer as maravilhosas câmeras de filmagem e fotografia que me deram o ar da graça na captura de imagens que instigaram a minha vontade de prosseguir com a investigação.

É tão bom saber que existe um universo de possibilidades!

Maria Augusta Bárbara

foto: Floro

edt: Flora

Maria Augusta Bárbara

Sempre ouvi muito as pessoas falarem sobre essa coisa de ter um blog, nunca me senti motivada o suficiente para seguir em frente com a ideia de ter um também, apesar de já ter tentado algumas vezes. Fiz um fotolog, um flickr, orkut, essas coisas que as pessoas tem para se relacionar, falar das suas vidas, dos seus interesses, da sua aparência, comidas prediletas, filmes, música, bisbilhotar vidas alheias, etc. Mas confesso que 70% de todas essas informações sempre me pareceu um tanto superficial.

Hoje estou começando a exercitar publicar minha vida e minhas idéias, considerando que isso também é ótimo para eu trabalhar minha timidez. Até que esse bicho não tem tantas cabeças assim, é muito mais fácil do que eu pensava cuspir idéias sem muita cobrança se está bom ou ruim. Na verdade o que importa mesmo para mim, pelo menos a princípio é cuspir e tentar organizar essas ideias que vem me dando algumas noites de insônia.Então, por que não tentar? Devo dizer que ao contrário do que imaginava, estou bastante animada.

Bem, mas o que vim tentar fazer aqui é introduzir essa coisa que eu chamo de Maria Augusta Bárbara. Digamos que surgiu como um cuspe no inspirador vale chamado Capão, fruto de uma fuga divertida vinda de uma cantada barata.

*

-É...eu acho que te conheço de algum lugar...

-(aquele sorriso como quem diz, "essa ja é velha meu bem")

-Como é seu nome mesmo?

-Mab.

-O que?

-Bem, na verdade meu nome é Maria Augusta Bárbara, mas me chamam de Mab.

-Ahhhhh!Mariaaa!(como quem diz, "claro!como poderia esquecer?!")

(nunca imaginaria que uma mentira tão tosca daria tão certo)

*

A partir daquele dia eu virei também Maria Augusta Bárbara.

E foi assim que tudo começou....

Atenção:

Adestra-se seres humanos

O que não é natural?

Para um Bom Adestramento

Para um Bom Adestramento

Cuspes:

AdestramentoCorporeprimidoExaustãoEquilibrioDesequilibrio
MarchaResistenciaFábrica
ManipulaçãoDisciplinaViolênciaQuadriculamento
utilizarcorposdocéiscontroleobjeto